Em bate-papo, corregedora auxiliar e defensora pública da DPE-RO, Marillya Reis, comenta sobre espaço feminino e violência contra a mulher
Em mais um bate-papo realizado com defensoras públicas de Rondônia em março, “Mês da Mulher”, a corregedora auxiliar da Defensoria Pública do Estado (DPE-RO), Marillya Reis, comentou sobre a conquista de espaço das mulheres no mercado de trabalho e acerca da violência praticada contra o sexo feminino, com números alarmantes em todo o Brasil. A entrevista foi realizada pela Associação dos Membros da Defensoria Pública de Rondônia (Amdepro).
*Veja a entrevista em formato de “ping pong” (bate-papo) com a defensora pública Marillya Reis:
– Como você vê o crescimento da ocupação das mulheres em carreiras de liderança?
Marillya – Ainda bastante tímido. É realidade, tanto no cenário estadual como nacional, a incipiente representação feminina em cargos de direção. Há um preconceito estrutural, institucionalizado, a ser vencido. É preciso mais do que palavras de suposta empatia, respeito e discursos teóricos sobre a igualdade entre homens e mulheres. São necessárias ações que implementem a igualdade entre os gêneros ou que ao menos atenuem tamanha desigualdade, inclusive, no que concerne a representação das mulheres em cargos de liderança.
A respeito deste tema, a OAB apresentou avanços. Em 2018, alterou seu Regulamento para só admitir registro de chapas que atendam ao mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo, não só aos Conselhos Estaduais, mas, ao Conselho Federal e às diretorias Estaduais e Federal. Infelizmente, embora represente avanço, esta ação afirmativa só será obrigatória a partir das eleições de 2021, o que vai à contramão da urgência em se respeitar e valorizar a mulher.
Nas Defensorias, instituição natural de defesa das minorias e vulneráveis, não existe qualquer regra que garanta o acesso às mulheres aos cargos de direção. A conquista do espaço é difícil e, exercê-lo, ainda mais. Chegar a um cargo de direção, especialmente de fiscalização, significou não só o reconhecimento de um trabalho e capacidade para o exercício da função, mas a provação e luta diária contra o machismo estrutural.
– Tem poucas defensoras na DPE-RO?
Marillya – Felizmente, quando se trata de acesso a cargos através da capacidade pessoal, medida através de forma igualitária e imparcial, a mulher não encontra dificuldades em se fazer presente.
Assim, como o provimento na carreira é mediante concurso público, observo que há bastante defensoras, inclusive sendo aprovadas nas primeiras colocações. Nosso último concurso retratou bem esta realidade, tivemos o prazer de receber colegas que, mais do que capacidade profissional, inspiram como pessoas.
– O que dizer sobre a triste realidade brasileira em que uma mulher é assassinada a cada duas horas?
Marillya – Além do próprio dado, o que mais assusta é que uma mulher é assassinada a cada duas horas não por envolvimento com crimes. A maioria são vítimas de violência doméstica, vítimas da incapacidade de respeito do outro gênero.
É um dado alarmante, preocupante, que tem que ser enfrentado com mais seriedade e com políticas eficazes, principalmente as de caráter preventivo. O homem não temerá matar sua ex-companheira em razão de uma pena alta, mas sim a partir de medidas que possam mudar a sua forma de enxergar e lidar com o outro sexo.
Fonte da Notícia: Ascom Amdepro