“A sociedade precisa se conscientizar sobre os direitos das mulheres, e praticar no seu dia a dia, nas pequenas coisas”
Idealizada em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, a sequência de entrevistas da Campanha #SouDefensora continua! A Associação dos Membros da Defensoria Pública do Estado de Rondônia (Amdepro) apresenta, na edição desta terça-feira (13), a trajetória e o posicionamento da Defensora Pública e Coordenadora do Posto de Atendimento Zona Leste, Morgana Lígia Carvalho.
Morgana Lígia é uma das mulheres que têm se destacado pelo empenho, profissionalismo e comprometimento com os ideais da instituição. A jovem Defensora Pública que vem promovendo transformação na zona Leste da capital.
Já chegou a realizar de 15 a 20 audiências em um único dia! Um verdadeiro exemplo do cumprimento das funções jurisdicionais da Defensoria Pública de Rondônia, pois presta além de um tratamento jurídico, um tratamento humanizado aos assistidos da instituição.
Confira a entrevista na íntegra:
Quando entrou na DPE-RO?
– Entrei na DPE no dia 27 de novembro de 2013.
Atua em qual/quais comarcas e áreas?
– Atuei nas Comarcas de Jaru, Ariquemes e atualmente em Porto Velho. Na Comarca de Jaru, atuei nas 3 varas, ou seja, criminal, cível, juizados especiais cíveis/criminais, infância e juventude. Na Comarca de Ariquemes atuei nas varas cíveis, e na de Porto Velho, atualmente respondo pelo núcleo do primeiro atendimento localizado na Zona Leste, cuja área de atuação é na esfera cível.
O dia 8 de março marca a luta das mulheres pela garantia de direitos e igualdade. Em sua opinião, o que torna essa data especial para as mulheres?
– O dia 8 de março deve ser visto como uma data marcada por discussões acerca do papel da mulher na sociedade atual. É um momento de mobilização, reflexão, debates onde se busca não só a conscientização da sociedade mas também soluções para a discriminação, violência moral, física e sexual praticadas contra a mulher.
Como você vê o papel da defensoria pública na luta contra o preconceito e a desigualdade?
– A Defensoria Pública tem um papel fundamental na garantia do exercício da cidadania e na defesa contra toda a violação de direitos humanos. A Defensoria Pública dá voz a quem não costuma ter, no caso da mulher, que sofre violência doméstica, a DPE, na Comarca de Porto Velho, conta com um Núcleo especializado na defesa das mulheres que sofrem de violência doméstica.
Partindo do princípio de que você vive cotidianamente defendendo esses direitos, você tem visto avanços na sociedade?
– Se for analisado o longo calvário a que as mulheres foram submetidas no decorrer da nossa história, pode-se perceber que existiram avanços sim, a mulher vivia num mundo totalmente isento de direitos civis, para se ter uma pequena ideia de como a mulher era vista no século passado, o Código Civil de 1916, retratando a sociedade conservadora e patriarcal da época, instituiu que a mulher ao se casar perdia sua plena capacidade tornando-se relativamente capaz, para trabalhar, por exemplo, dependia da autorização do marido.
Atualmente, a mulher passou a exercer funções relevantes tanto no contexto profissional, como social e familiar.
Então pode-se dizer que de modo acanhado e vagaroso, houve avanços sim, principalmente nos textos legais, todavia, no plano cultural ainda há muito a avançar, pois em pleno século XXI mulheres continuam sendo mortas, sofrendo violência física, sexual num contexto de violência doméstica.
Em sua opinião, quais os principais fatores que ainda necessitam de avanços para que as mulheres alcancem efetivamente a igualdade de direitos?
– Acho que para que as mulheres alcancem efetivamente a igualdade de direitos, é necessária a implementação de políticas públicas e uma maior articulação entre o poder público e a sociedade.
A sociedade precisa se conscientizar sobre os direitos das mulheres, e praticar no seu dia a dia, nas pequenas coisas.
Na vida familiar, por exemplo, quando educamos os nossos filhos, é importante que desde crianças ensinemos a respeitar as mulheres, ensinar que não existe essa tradicional e rígida divisão do papel masculino e feminino, mostrar que não deve haver esse modelo estereotipado.
Educo os meus filhos sob essa ótica, na minha casa, por exemplo, o meu filho colabora nos afazeres doméstico, tal como o meu marido. Ensino a minha filha a lutar pelos seus sonhos, sem medo, sem receios, ela inclusive quer ser engenheira, que é uma profissão que ainda tem poucas mulheres, ensino-a a não se calar diante de uma injustiça. Enfim, todos nós temos responsabilidade nesse tipo de violação de direitos na medida em que nos omitimos e na medida em que não educamos nossos filhos com responsabilidade.
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