12 de maio de 2021 15h45min - Atualizado em 24 de maio de 2021 às 11h52min

Sou mulher e luto todos os dias por isso: secretária-geral da Amdepro, Lara Tortola, fala sobre desafios de ser mulher no Brasil e no ambiente jurídico

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A Associação dos Membros da Defensoria Pública do Estado de Rondônia (Amdepro) divulga mais uma entrevista da campanha “Sou mulher e luto todos os dias por isso”. A ação apresentará série de entrevista com Defensoras Públicas comentando sobre os desafios de ser mulher no Brasil e no ambiente jurídico. A terceira entrevista foi realizada com a secretária-geral da Amdepro, Defensora Pública Lara Tortola.

A secretária-geral ressalta que é “preciso não apenas falar de equidade de gênero para soar bonito, mas implementar políticas que realmente possam contribuir com a qualidade de vida das mulheres e, obviamente, sem paternalismos, promovendo ações para que sejam ouvidas e participem efetivamente dos espaços de decisão”.

Confira a entrevista completa:

– Quais os desafios de ser mulher no Brasil?
Enfrentamos desafios estruturais no Brasil que nos atingem desde o ambiente doméstico, onde a carga de trabalho que nos é imposta é completamente desproporcional, até o ambiente de trabalho, sendo notório que nos são negados os espaços de poder e decisão. Embora mais mulheres estejam à frente de instituições e empresas, verificamos que tudo ainda é muito tímido. Em verdade, existe ainda muito descrédito quando uma mulher assume determinadas posturas e pretende determinados cargos, sendo questionada sobre tópicos em relação aos quais homens nunca seriam, sobretudo acerca de sua vida privada. Apesar de mulheres trabalharem em tripla jornada, ainda temos nossa capacidade laboral e de gestão questionada. Importante ainda colocar que falo de um lugar de privilégios: sou mulher, branca, de classe média. As mulheres negras no Brasil passam por provações muito piores que as brancas, tendo ainda de enfrentar o racismo em todos os aspectos da vida. 

Quais os desafios de ser mulher no mundo jurídico?
No mundo jurídico, percebo que as mulheres são mais colocadas à prova que os homens, principalmente em certos ambientes de poder. Lamentavelmente, acredita-se que mulheres devem permanecer, por exemplo, na seara de família ou infância de juventude, como se tivéssemos de cumprir a cartilha e o papel de cuidadoras das relações até no ambiente e na seara de trabalho (!). Vejo que muitas mulheres, apesar de desempenharem um brilhante trabalho, não são devidamente reconhecidas como são os homens e, infelizmente, muitas não podem se dedicar a atividades extras justamente pelo peso imposto por duplas ou triplas jornadas. Precisamos não apenas falar de equidade de gênero para soar bonito, mas implementar políticas que realmente possam contribuir com a qualidade de vida das mulheres e, obviamente, sem paternalismos, promovendo ações para que sejam ouvidas e participem efetivamente dos espaços de decisão.

Fonte da Notícia: Ascom Amdepro