“Nosso papel é fundamental para avançamos na igualdade”
A Associação dos Membros da Defensoria Pública do Estado de Rondônia (Amdepro) iniciou a campanha #SouDefensora, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, que terá entrevistas com as defensoras públicas do estado, a série segue até o dia 8 de março. A primeira entrevista foi feita com a defensora pública Livia Cantadori Iglecias. Há quase oito anos na Defensoria Pública do Estado de Rondônia (DPE-RO), ela vê a data como um dia simbólico para representar a luta diária das mulheres pela igualdade de direitos.
Livia ingressou na instituição no II Concurso da DPE-RO. Ela atua no Núcleo da Defensoria Pública em Ji-Paraná, como titular da 5ª Defensoria Pública de Ji-Paraná, com atribuições cíveis, saúde e na área da Infância e Juventude. Para ela, o Dia Internacional da Mulher marca exatamente a luta das mulheres pela igualdade de direitos e as defensoras públicas tem função essencial.
“Nosso papel é fundamental para avançarmos na igualdade de gêneros. Atuamos com pessoas hipossuficientes e vulneráveis, mulheres que, muitas vezes, não conhecem seus direitos. Mais do que a atuação jurídica em si, nossa atuação mais forte nessa luta é a educação em direitos”, ressalta Livia Cantadori Iglecias.
Confira a entrevista na íntegra
Quando entrou na DPE-RO?
– Tomei posse como Defensora Pública do Estado de Rondônia em 11/11/2010, aprovada no II Concurso para membros da Instituição.
Atua em qual/quais comarcas e áreas?
– Atuo no Núcleo da Defensoria Pública em Ji-Paraná, como titular da 5ª Defensoria Pública, com atribuições cíveis, saúde e na área da Infância e Juventude. Sou Coordenadora do Núcleo Cível de Ji-Paraná.
O dia 8 de março marca a luta das mulheres pela garantia de direitos e igualdade. Em sua opinião, o que torna essa data especial para as mulheres?
– O Dia Internacional da Mulher marca exatamente a luta das mulheres pela igualdade de direitos. Comemoramos as lutas que já foram vivenciadas, com vitórias e derrotas. Reforçamos a necessidade de continuarmos batalhando pela efetiva igualdade de direitos e pelo reconhecimento das mulheres em todas as esferas da vida civil, profissional e social.
Partindo do princípio de que você vive cotidianamente defendendo esses direitos, você tem visto avanços na sociedade?
– Tivemos avanços, a exemplo da Lei Maria da Penha, que veio para proteger a mulher vítima de violência doméstica, mas ainda estamos longe de sermos uma sociedade igualitária em termos de gênero. Ainda há muito preconceito, abusos, violência.
Porém, o fato de estarmos discutindo mais a questão feminina, especialmente com as novas gerações, mostra que a evolução está sendo construída, mas ainda há muitos obstáculos. Campanhas mundiais contra o abuso sexual, por mais políticas públicas em favor das mulheres, por reconhecimento profissional e salários iguais aos dos homens nas mesmas funções, são alguns pontos que tem maior destaque hoje, mas que precisam ser efetivados de forma material. Não podemos deixar que fiquem apenas em teoria.
Como você vê o papel da defensora pública na luta contra o preconceito e a desigualdade?
– Nosso papel como Defensoras Públicas é fundamental para avançamos na igualdade de gêneros. Atuamos com pessoas hipossuficientes e vulneráveis, mulheres que, muitas vezes, não conhecem seus direitos. Mais do que a atuação jurídica em si, nossa atuação mais forte nessa luta é a educação em direitos. Ao conhecerem seus direitos e os mecanismos para exercê-los de forma plena e segura, as mulheres se empoderam. Também, conseguimos mudar gradualmente a visão da sociedade em geral, gerando mais apoio à mulher e mais luta contra o preconceito e os abusos.
Quantos mais empoderarmos as meninas, mais elas crescerão com a certeza de que podem fazer o que quiserem, derrubando o obstáculo do gênero imposto pela sociedade e transformando a vida das futuras gerações.
Em sua opinião, quais os principais fatores que ainda necessitam de avanços para que as mulheres alcancem efetivamente a igualdade de direitos?
– Ainda há muitos obstáculos para a efetiva igualdade de direitos. Primeiro, temos que rever como a sociedade enxerga a mulher. Se antes éramos apenas a figura da mãe e dona de casa, hoje acrescentamos muitas outras funções e adjetivos à nossa jornada.
O preconceito é a primeira grande barreira. Lugar de mulher é em casa? Não! É onde ela quiser, fazendo a atividade que ela quiser, buscando sua realização, seja familiar, materna ou profissional do jeito que ela quiser. E o fato de ser mulher não pode ser um empecilho imposto pela sociedade.
A questão do abuso sexual é muito séria também. Estamos em um momento muito propício para essa discussão. Nenhuma mulher pode ser culpada por ser vítima de abuso. Não importa a roupa, a conduta, nada. Somos vítimas da violência e não causadoras. E precisamos educar a sociedade para que o abuso contra as mulheres pare de ser disseminado e passe a ser repelido.
O empoderamento feminino é a chave para os esperados e necessários avanços. Políticas públicas que garantam a efetiva igualdade de direitos na seara trabalhista, que protejam e amparem a mulher vítima de violência sexual, psicológica ou física, que garantam a representatividade feminina em todas as esferas, que busquem a educação das novas gerações para os direitos das mulheres são essenciais para nos tornarmos uma sociedade mais igualitária.
Empoderar as mulheres e educar de outra forma a nova geração de homens, para que não vejam a mulher como inferior, como objeto. Esse é o caminho.
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